sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

“Disciplina”

Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar.          MARCOS 9:42
Contabilizamos hoje, em nossa era cristã, um grande número de desviados da Casa de Deus, e este número apesar de termos alguns que se desviaram voluntariamente, por nunca terem encontrado atrativo algum em Cristo (lamentável para eles), temos na sua maior parte aqueles que foram humilhados e empurrados para fora, sem compaixão, amor, misericórdia e compreensão por intermédio de seus pastores.
Tem muito pastor que confunde amor com a complacência, com o pecado, pensam se não disciplinar será visto como um pastor das portas largas e com isto acaba deixando de praticá-lo, lançando mão de recursos meramente fundamentados por homens desprovidos da sabedoria de Deus e mata a alma, através da disciplina, no momento que ela mais precisa de ajuda, tirando-lhe até mesmo a oportunidade de participar da Ceia do Senhor.
Paulo aos Coríntios diz:
Examine-se o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice – I Co 11.28.
Deus outorga ao próprio homem, particularmente diante Dele, examinar-se para ver se tem condições de participar da Ceia do Senhor, Ele, Deus, não exclui ninguém deste cerimonial que é a celebração da morte e ressurreição de Cristo.
Em lugar nenhum da Bíblia encontraremos um versículo sequer discorrendo sobre a autoridade do homem (seja ele pastor ou não) sobre outro homem, no sentido de barrar a sua participação na Ceia, quem o faz, o faz baseado em seu próprio juízo particular.
Se alguém participa da mesa do Senhor indignamente, o próprio Deus lhe dá a correção, por causa disto, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem – I Co 11.30. Quem tem poder de subjugar o homem a esta condição de fraqueza, doença e sonolência espiritual, como forma de disciplina, a não ser o Espírito de Deus?
Encontramos algumas passagens na Bíblia onde alguns personagens queriam impedir outros de manter comunhão com Deus, vemos até mesmo o exemplar homem de Deus, Josué, tentando incentivar Moisés a impedir Eldade e Medade de profetizarem no arraial – Nm 11.26 – 29; os discípulos tentaram impedir que as criancinhas se achegassem a Jesus – Mt 19.13,14, o príncipe da sinagoga queriam impedir a Jairo de clamar a Jesus pela cura de sua filha – Lc 8.49, mas Jesus não é propriedade particular de ninguém, Ele morreu por todos e é o Advogado de todos, portanto, se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça – I Jo 1.10.
Creio ser necessária algumas regras dentro de uma organização religiosa, para que não sejam atropeladas a ética, a moral, a liturgia e a boa convivência social entre os demais crentes, até concordo, por causa da gravidade do pecado, que se afaste alguém que tenha uma responsabilidade em departamentos ou exerça um ministério, mas com relação à relacionamento espiritual íntimo com Deus, isto somente diz respeito a Deus e ao homem, que são unidos através de Jesus Cristo, o mediador entre Deus e os homens, e a Ceia do Senhor é um ato espiritual que traz cura espiritual, impedir o crente de participar deste ato, pra mim, se assemelha a proibir um crente de orar, já pensou? Um pastor chegar para um crente disciplinado e dizer: _ No período em que você estiver em disciplina, não poderá orar! Mas é o que fazem com relação à Ceia.
Irmãos, existem coisas em nosso meio sendo praticadas, que ultrapassam o meu limite de compreensão, fico imaginando um crente que arrependido, procurou o seu pastor e confessou o seu pecado, sendo proibido de cear, por ato da disciplina deste pastor, então neste período de disciplina Jesus volta e o crente disciplinado é arrebatado e vai cear no céu com o Senhor, ora, a ceia que se celebra na terra é mais santa e excelente do que a que celebraremos no céu? A disciplina do pastor terreno é mais rigorosa e eficiente do que a do Sumo Pastor?
São estes tipos de excessos que devemos atentar, analisar e corrigir, pois por conta deles muitas almas jazem no inferno, pois lhes tiraram a alegria de celebrar a vitória de Cristo, de participarem da Ceia, as subjugaram à humilhação e constrangimento ilegal diante dos olhos do povo e elas foram embora e nunca mais voltaram.
Tenho dito em algumas oportunidades e volto a repetir: A disciplina praticada em muitas igrejas não encontra respaldo bíblico e doutrinário, pois em muitos casos é aplicada em crentes que se arrependeram de um erro e procuraram o ministério de suas respectivas igrejas para confessar, erro que poderia até mesmo ter ficado em oculto que ninguém o saberia, mas revelado pelo praticante, como prova de um autêntico arrependimento.
Muitos se baseiam no caso do irmão de Corinto, que mantinha relações sexuais e convivia com a mulher de seu pai, para aplicar a disciplina na igreja, a ocorrência com o irmão da igreja de Corinto é um caso em que o irmão foi descoberto na prática do pecado e continuou praticando-o, então o apóstolo Paulo com muita propriedade, escreve à igreja que se omitiu com relação a este fato e a repreende, determinando que este irmão, a quem denomina de iníquo, seja literalmente expulso da comunidade, do convívio com outros irmãos.

Existem casos que ocorrem em nossas igrejas, que não há outro remédio, a não ser o afastamento do irmão que não quer largar o pecado, é o que Paulo chama de entregue a satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus e isto consiste em criar no transgressor uma angustia espiritual por estar afastado da comunhão e fazer ressurgir em seu coração o anelo de retornar, o que não é o caso de quem já se arrependeu e procurou e confiou no seu pastor para confessar, que logo após confessar é repudiado.
É por isto que condeno a maneira como se disciplina nas igrejas, ela guarda literalmente cunho de exclusão da comunidade para sempre, pois não há trato do disciplinado através de quem disciplina.
Depois que Paulo mandou expulsar o irmão da igreja de Corinto na 1ª carta - I Co 5, ele na 2ª carta discorre sobre o mesmo assunto:
De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza.
Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor.
E para isso vos escrevi também, para por esta prova saber se sois obedientes em tudo.
E a quem perdoardes alguma coisa, também eu; porque, o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás;
Porque não ignoramos os seus ardis – II Co 2.7-11.

Existem hoje no mundo, muitos irmãos disciplinados que foram devorados de demasiada tristeza e satanás não perde tempo, ele anda ao derredor buscando a quem possa tragar e infelizmente, muitos pastores estão jogando os crentes às garras dele, veja quem são estes pastores neste versículo:
Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.
Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas – Jo 10.12,12.

Por muitos anos se tolerou um estilo de pastor afastado das ovelhas, muitos deles até mesmo se posicionam acima de Deus e não mantêm nenhum relacionamento pastoral com elas, no sentido de cuidar, tratar das feridas e consolar, na intenção de ganhá-las e trazer para perto de si, mas as tratam como se fossem um peso em suas vidas, um objeto qualquer, que não têm sentimentos, que não sentem fraquezas, por este motivo Jesus também veio em forma de carne, para experimentar as nossas fraquezas – Hb 4.15, pelo que convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados – Hb 2.17,18.
Uma ovelha quando cai em pecado precisa ser socorrida e não disciplinada, a disciplina no sentido de afastar do Corpo de Cristo é um ato que só pertence a Deus, pois não existe homem na face da terra que possa ou tenha poder de excluir um membro do Corpo de Cristo.
A passagem mais completa com relação à disciplina que encontramos na Bíblia está na carta aos Hebreus, nela o autor discorre sabiamente sobre o assunto em pauta quando escreve:
Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por Ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija? – Hb 12.5-7. Aleluia!
Deus tem os seus meios e métodos de disciplinar os seus filhos, isto é atributo Dele, como está escrito: Eu repreendo e castigo a todos quanto amo – Ap 3.19,  mas os homens com base nestas palavras assumem o papel de disciplinadores como se a Bíblia lhes outorgasse esta atribuição e cometem atrocidades irreversíveis na vida de seus liderados, pois disciplinam sem amor, não acompanham o disciplinado no período de disciplina.
Imaginem o desprezo que passa um disciplinado, execrado como se fosse um leproso no tempo da lei, não recebe um telefonema, uma carta, uma palavra e pra voltar ao convívio da igreja, tem que procurar o pastor para se reconciliar ao invés do pastor procurá-lo, são os valores bíblicos sendo invertidos, pastores do próprio ventre, sendo apascentados no lugar de apascentarem, ignorando que importa deixar as noventa e nove no aprisco e ir cuidar da que se desgarrou, o senhor já fez isto hoje pastor? Procuraste alguma ovelha desgarrada? Trataste as suas feridas? As protegeu dos lobos? Ou o senhor mesmo é este lobo? Deus está vendo hem!
Outra situação ridícula que presenciamos nestas disciplinas, é quando o disciplinado volta à comunhão, em algumas igrejas o mesmo é constrangido a ir lá à frente da igreja e recitar a frase:
_ Irmãos eu quero pedir perdão primeiramente a Deus e depois a igreja, os irmãos me perdoam?
Aí a igreja toda diz:
 _ Amém!!!!
Isto é um ritual legalista e eivado de religiosidade, não guarda cunho espiritual nenhum, além de colocar numa situação constrangedora o disciplinado.
E o interessante é que em muitos casos, a igreja que diz o amém, nem sabe o que o disciplinado praticou para perdoá-lo.



Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes o seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao vosso irmão. ROMANOS 14:13

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